Não sei se isso é coisa de
músico, mas acredito que todos já tenham tentado lembrar-se de uma música, do
começo ao fim, sem sequer ouvi-la, naquele momento. Quando ouvimos alguma
música, por várias vezes, a ponto de decorarmos todas as suas partes, fica
fácil fazer isso.
Fica fácil, também, ouvi-la,
mesmo que a qualidade sonora não esteja muito boa e compreensível. Daí, eu tiro
o tema deste texto.
Quando conhecemos uma música que
está tocando, mas a qualidade sonora não está muito boa (seja por
interferências, por má qualidade do áudio ou, simplesmente, volume baixo),
ainda assim, conseguimos compreendê-la facilmente. Isso, porque aquela música
está gravada em nossa mente. Ao mesmo tempo em que a ouvimos com os ouvidos,
nossa mente entra em ação e começa a relembrar da música, como se tivéssemos
dado o play em nossa mente. Sendo assim, mesmo com tais interferências sonoras,
ainda conseguimos acompanhar a música. Nem precisamos prestar tanta atenção,
para compreendê-la.
Ao contrário, quando ouvimos uma
música que ainda não a conhecíamos, precisamos dar total atenção, para podermos
entendê-la. Se não conhecemos determinada música e estamos ouvindo pela
primeira vez, temos que prestar atenção, para saber se ela agrada nosso gosto
musical, depois precisamos ouvi-la atentamente, para entender a voz, a letra,
os instrumentos... Se as mesmas interferências da situação anterior forem
aplicadas a uma música desconhecida, não conseguiremos compreendê-la. Teremos
que nos esforçar muito mais, para poder ouvi-la, pois ela não está gravada em
nossa mente, portanto, não tem como darmos um “play” mental. Ela não está em
nossa “playlist”.
Quando ouço uma música, pela
primeira vez e é de meu agrado, prefiro ouvi-la sem interferências, em um
ambiente mais tranquilo, para poder compreendê-la bem. Não acho uma boa, ouvir
uma música, pela primeira vez, no som do carro, enquanto estou dirigindo. Por
mais que eu esteja conseguindo ouvi-la muito bem, não dá para voltar toda a
atenção para a música, então, se eu ouvir um álbum completo de uma banda ou um
artista e esse álbum começar a tocar de novo, é bem provável que eu nem me
lembre de ter ouvido a primeira música. Já, uma música que conheço, é detectada
pela mente, que vai me dizer: “essa música já tocou!”, mesmo com a atenção
voltada para a estrada.
Ouvir uma música exige atenção.
Não ouvimos apenas com os ouvidos. Ouvimos, também, com a mente. Se a mente
reconhecer a música, vai distinguir melhor, todas as partes da música; se a
mente a desconhecer, vai precisar gravar a música, para então, passar a
compreendê-la.
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